28 setembro, 2016

Paneleiras de Goiabeiras - Vitória - ES

A convite da escola da pequena, fomos conhecer as Paneleiras de Goiabeiras. Sim, conhecer! Milhões de anos morando em Vitória e ainda não tínhamos ido lá (nem sem, nem com Manu). A panela de barro é um bem capixaba, e é onde é feita a tradicional Moqueca Capixaba (o resto, é peixada!) e a Torta Capixaba, por exemplo.

'A produção de penelas de barro de Goiabeiras é uma herança milenar dos grupos indígenas da tradição cerâmica Tupi-Guarani e Una, apropriada por colonos e descendentes de escravos africanos que habitavam a margem do Manguezal, na Baía de Vitória.'
(Folder-Fazendo e usando as Panelas de Barro de Goiabeiras)

A tradição que envolve a produção da Panela de Barro é tão forte que está no Livro de Registro dos Saberes como o primeiro bem cultural registrado no IPHAN (isso em 2002). Por aí já dá para ter noção na imersão cultural que é este passeio.


Etiqueta Estilizada!

As Panelas de Barro em exposição


Até Novembro de 2011, o Galpão da Paneleiras de Goiabeiras era outro, bem diferente do atual (dá para ver umas fotos no Blog do Jeff Celophane). O atual galpão, pensado na divulgação da cultura e saber das paneleiras, tem um post dedicado no Rotas Capixabas. No layout atual, é possível percorrer pelos corredores e apreciar as paneleiras (e os paneleiros também!) moldando e enfeitando as panelas e demais itens que são feitos de barro.


Paneleiras de Goiabeiras

Vista externa do Galpão


Travessa decorada de barro

E eis um jogo completo!

Cheias de charme!

Jogos completos para exposição e VENDA!


A produção das panelas de barro, como já dito, envolve todo um saber. Ela começa com a extração e tratamento do barro. O barro do qual é feito as panelas de Goiabeiras é extraído no Vale do Mulembá (zona Oeste da Ilha de Vitória). Após a extração, ele é limpo e moldado, de forma a ficar com uma boa plasticidade. A modelagem é feita a mão - pensa num trabalho! Depois de modeladas, as bonitas vão para a secagem, a sombra, por diversos dias (podendo até passar de semana). Depois de secas, elas ainda passam por um polimento para depois irem para a queima. O processo de queima das tabelas dura cerca de meia hora, e após retiradas do fogo, eles são açoitadas com tanino - que é o que dá esta coloração escura as panelas.

E o que é o tanino? É uma substância retirada (conscientemente) da casca do mangue-vermelho.

Ah, quem tiver vontade, dá para moldar (isso mesmo) sua própria panela! "Fizemos" uma com Manu...mas não ficou bem panela de barro, sabemos!


Finalizando a modelagem

Tampas secando à sombra

No processo de secagem

A Queima


Nesta visita não deu para ver o açoite, mas de boa! Assistir as outras etapas já foi bem gratificante. Aproveitamos a proximidade do Galpão com o Manguezal e fomos lá dar uma passeadinha com a pequena. Ela estranhou um pouco, e ficou com 'medo' do siri que ali vimos. Na entrada do Galpão há um balcão para informações turísticas e uma mega panela de barro - digna de uma foto!
Manu com medo do Siri

Manu e suas 'poses'


Bom, confesso que não deu para sair de lá com as mãos abanando, e acabei comprando uma panela de barro com suporte (tamanho médio - R$25,00). Pena só que não saímos de lá e fomos direto comer moqueca....mas superei este detalhe, visto que no sábado seguinte estava estreando a minha panela de barro e me deliciando com um moqueca de cação e banana da terra. 

Minha Panela de Barro!


Segue a receita (direto do folder Fazendo e Usando as Panelas de Barro de Goiabeiras):

Ingredientes (para seis pessoas):
2 kg de peixe fresco (badejo, papaterra, pargo, robalo)
4 a 5 maços de coentro
4 maços de cebolinha verde
2 cebolas brancas (pequenas)
Tomate a gosto
2 limões
Azeite
Colorau
Pimenta a gosto

Modo de fazer:
Limpe bem o peixe, corte-o em postas e deixe-o em uma vasilha com sal e suco de 1 limão, por pelo menos uma hora. Separe a cabeça para o pirão.
Numa panela de barro grande, coloque 2 colheres de óleo, 1 colher de azeite, cebola, cebolinha verde, coentro (tudo bem picadinho), tomate e colorau. Arrume as postas de peixe e repita a camada dos temperos picado. Não adicione água ou sal. Cozinhe em fogo brando e quando abrir fervura coloque umas poucas gotas de limão. Não espere ferver. Caso contrário, o peixe endurece. Tampe a panela. Espere uns 10 minutos e experimente o sal.
Para o pirão, o processo é o mesmo. Cozinhe a cabeça do peixe com os temperos, acrescente água fervendo e deixe ferver até quase desmanchar a carne. Retire os ossos, experimente o sal e acrescente a farinha, mexendo sempre para não embolar.



Eu não sigo bem a risca esta receita (e nem uma outra, confesso)....e costumo colocar uns camarões quando vejo que tá perto de ferver. Aqui no ES temos o costume de além da moqueca e do pirão, comemos uma moqueca de banana da terra (que é DIVINA!). Aí, na última vez que fiz, resolvi colocar a banana (da terra) para cozinhar junto com o peixe, e deu super certo (para mim, que não sou entendedora de culinária - só de comer!).

Minha moqueca de cação com banana da terra: delicia!


Em outros blogs é possível ler mais sobre a visita às paneleiras, como o Destinões, Maior Viagem e D&D Mundo Afora. Corre lá e confere a opinião deles também desta imersão na cultura capixaba!

Sobre o tempo de passeio, acredito que pode reservar cerca de 30 minutos para os mais apressadinhos e 1-1h30 para aqueles que já sabem que irão querer conversar, e até tentar fazer uma panela! Lá tem banheiro, mas não tem lanchonete e nem algo do tipo. Então é bom levar sua água ou lanche rápido, caso vá num horário que lhe dê fome!

No mais, curta esta visita!



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